- vm escreveu:
- Um dos debates que mais polémica cria entre os próprios
monárquicos, a par de questões de sucessão ( e talvez até haja alguma
relação), é a da transversalidade, ou não, da Monarquia, e se estende,
ou não da Esquerda à Direita.
Pois bem, logo aqui temos um primeiro problema, o da definição de tipo
de monarquia que se pretende, com consequências directas, e
incontornáveis a meu ver, para o apoio ou recusa do sistema pelas
diferentes forças políticas ao longo de todo o espectro político
nacional.
Não percebo onde está o problema.
Teóricamente a Monarquia pretende ser isenta, logo neutra, logo por não
representar uma posição única, pode em qualquer circunstância englobar
qualquer posição independentemente do espectro político à qual a mesma
pertença.
O que interessa é o bem da Nação e como tal não há Partidos quando o que está em jogo é precisamente a Nação.
Quanto à forma de realização possível para tal ocurrência.
Temos quanto a mim apenas 2 situações viáveis.
Passo a frisar:
a) O Chefe de Estado possuí competências Legislativas definidas pela
Lei e Constituíção Nacional, permitindo assim e em Paralelo com os
Governos eleitos, procurar dar resposta às questões pertinentes em
discussão.
Lógicamente que qualquer proposta oriunda da Chefia de Estado, estaria
na mesma sujeita à aprovação do Parlamento, sendo que este poderia
propor alterações aos diplomas em questão.
Creio que apenas deveria estar vedada ao Soberano acesso a alterações
de Constituição, de modo a que a mesma estivesse salvaguardada.
b) O Chefe de Estado de modo a melhor salvaguardar a sua isenção, não
tem capacidade superior à presente e nesse caso, ter-se-á de atribuir
poderes ao Governo que permitam a este cumprir o seu mandato sem
interferências. Ou seja, assumindo uma situação similar à que se
encontra na Holanda ou Itália, por exemplo. Onde os Governos destas
Nações automáticamente têm 50% do Parlamento assegurados aquando da
vitória nas eleições.
- vm escreveu:
- Se bem que eu acredite que em certa medida, a monarquia
pode ser compatível com ideias de Direita e Centro (e aqui incluo o PS,
na sua ala mais moderada e central), dificilmente acredito na
possibilidade de existência de um Comunista Monárquico(pelo menos se
for de facto um comunista, seguindo todos os preceitos e doutrinas do
partido) ou mesmo da ‘facção soarista’ do PS apoiar a Monarquia como
solução para Portugal.
Não tenho nenhum problema em aceitar Monárquicos Comunistas, por acaso
conheço um. As ideologias deverão ser vistas como direcções que a Nação
poderá ou não tomar. Sendo que a existência de outras ideologias
permitem que o caminho da mesma, não se "extremize", como a nossa
história recente bem demonstrou.
- vm escreveu:
- Tudo isto não é novidade e a questão que se coloca é, como
podemos contornar esta situação e juntar os que estão mais à esquerda e
mais à direita num único esforço restauracionista? Será que é viável
criar um único movimento agregador, como a Causa Real tenta sem
sucesso, ou será que devem existir diferentes grupos, que fieis às suas
doutrinas procurem alcançar aqueles que se revêm nas cores desse mesmo
movimento?
Caro amigo, seria fácil SE os movimentos que o tentam, não se limitassem a si mesmos.
Quando se procura criar uma imagem "única" de Monárquicos, assumem-se
estériotipos. Estériotipos esses que tanto quanto veja não vi ainda
nenhum movimento monárquico procurar desmistificar.
A questão está feita ao contrário. Não é o que esses elementos com
ideologias diversas podem fazer por nós é o que nós podemos fazer para
que esses mesmos elementos se revejam numa Monarquia e não numa
República.
É claro que dentro de uma Monarquia existirão partidos e que estas
ideologias darão hajo a partidos. Agora isso não impede que todas estas
ideologias não se sintam Monárquicas. Ou seja o que é preciso definir é
um novo conceito de Monárquico, de modo a que este novo conceito possa
acomodar membros destas chamadas "outras" ideologias.
Dou o exemplo, um Monárquico é Católico (para simplificação).
Ora esta afirmação é um estériotipo. Eu sou Monárquico e não sou Católico, assim como inúmeros outros.
Mas na definição aceite de Monárquico este estériotipo está lá assente.
Logo o conceito de Monárquico, tal como está definido, criará
automáticamente bloqueios para que aqueles que levam a peito esta
questão (por exemplo e onde eu não me insiro, senão nunca conseguiria
considerar-me monárquico) se sintam impossibilitados de o serem.
Pois seria o mesmo que aceitar um valor o qual não subscrevem.
São questões, relativamente simples, as que afastam facções ideológicas da Monarquia.
- vm escreveu:
- Um movimento único, ou uma Junta, poderia ser criada como
solução para colocar em comunicação todos os diferentes grupos, como um
elemento aglutinador de vontades e criador de consensos, mas nunca como
estrutura de coordenação única com poderes executivos ou de decisão
sobre acções a desenvolver.
Um movimento único ou uma Junta, poderia procurar ser o motor que iria
tentar aglutinar as posições dos diferentes grupos e assim encontrar um
ponto no qual todos fossem capazes de se rever e então permitir a
criação de uma definição que a todos englobasse sem que os mesmos
deixassem de seguir as suas ideologias.
- vm escreveu:
- Podíamos sempre dizer que o Chefe da Casa Real poderia
servir de elemento conciliador e em redor dele se estabelecer a tal
‘Junta’, mas de facto temos o eterno problema da sucessão e até o do
reconhecimento, ou não de um qualquer pretendente como líder’ antes da
sua aclamação como definido por Lei.
Efectivamente não creio, pelas razões que bem apontas.
SE houvesse apenas uma posição, ou que esta fosse clara. então não haveria nenhum problema.
Como tal não acontece, resta a que se procure atingir os objectivos
desejados de forma autónoma e independente. Logo recorrendo apenas a
pessoas isentas, tanto quanto possível, para chefiarem o mesmo
movimento.
Criando assim as bases, para não dizer espelhar, do que se espera numa Monarquia.
Deixando então aos Portugueses, o papel destes poderem escolher aquele
que queiram para seu representante enquanto Chefe de Estado.
Criando assim uma Nova Dinastia, corresponda esta a uma nova Dinastia Bragatina ou não.
- vm escreveu:
- Resta então a ‘Junta’ que independentemente de cores
políticas e herdeiros procure coordenar esforços para que se restaure a
monarquia, deixando as questões de pormenor para o momento em que elas
sejam apropriadas, ou seja após a restauração e reunião de Assembleia
Constituinte para definição de uma nova Lei Fundamental e definição do
sistema de Aclamação.
Precisamente.
- vm escreveu:
- O problema que encontro é como podemos aliciar o povo
português para a apoiar a Causa Monárquica sem uma clara definição do
que se pretende? Como podemos advogar por este sistema, de uma forma
coesa sem um fundo comum? A mudança de um Presidente por um Rei, por si
só não chega. Exige-se de Portugal e dos monárquicos portugueses algo
mais do que ‘coroar a República’ e substituir os chamados
‘boys’.
Precisamente e é precisamente isto o que os Monárquicos não têm feito.
A Monarquia tem advogado apenas situações, ocurrências e exemplos respeitantes a Soberanos e Casas Reinantes. Nada mais.
O comum dos Portugueses, não faz a mínima ideia do que esperar como forma de Governo para o dia 1 de uma Monarquia Restaurada.
Há Partidos? Há eleições? Os políticos passaram a ser honestos? Deixou
de existir corrupção? A função pública já trabalha de forma correcta?
Os impostos baixam?
Creio que os amigos estão a perceber onde quero chegar.
NADA mudará... porque NADA está a ser investido para que mude.
Os Políticos de uma era Monárquica, serão tão corrompíveis como os
actuais republicanos, porquê? Porque o que os motiva não alterou.
Temos muita gente que faria a diferença, que talvez não venderia os
seus valores, mas estes são relegados para enésimo plano por lhes
faltar o Azul do Sangue ou os conhecimentos que outros possuem.
Temos de alterar as mentalidades das pessoas tanto dos Monárquicos, que
terão de passar a ver a Monarquia como uma Missão, como dos restantes
que terão de ver os Monárquicos como defensores de um ideal para um
Portugal melhor.
Soa a utopia... é lógico, os paraísos são utópicos e os homens
falíveis, mas ou se tenta ou se abandona a procura que temos feito.
Lembremo-nos de que ainda há bem pouco tempo o homem não voava em
máquinas mais pesadas que o ar e hoje já vai à Lua. Uma utopia que se
realizou.
- vm escreveu:
- Devemos esperar que uma facção monárquica ganhe tal
relevância que acabe por ofuscar as demais ou devemos antes procurar a
união que nos escapa à tanto tempo…talvez desde 1910…
Devemos lutar por uma unificação, mas uma que permita a possibilidade
de coexistência de todos. A manter a actual separação, mas vale
estarmos quietos pois nunca conseguiremos provar nada do que queremos
fazer para corrigir este nosso Portugal.
IzNoGuud